Rali de Montelongo - A Estreia do Fiatista
Depois de muitos meses de espera o Fiat 500 Abarth R3T ficou finalmente pronto e assim no dia 13 de Janeiro pude fazer os primeiros quilómetros no carro que espero que me venha a proporcionar muitos momentos de puro divertimento, os primeiros quilómetros foram feitos na via rápida junto à Zona Industrial de Santo Tirso perto das instalações da Integra Support.
As primeiras impressões foram boas, sendo que o que me causou mais confusão foi a embraiagem que é radicalmente diferente de todos os carro que tinha conduzido até então... Devo ter deixado o carro ir a baixo entre 5ª feira à noite e Sábado pelo menos umas 30 vezes!
Na sexta feira depois de feitos os reconhecimentos, foi a hora de testar o pequeno escorpião em Várzea Cova e cedo me apercebi que para poder tirar partido do automóvel muitos quilómetros me faltam ainda percorrer ao volante deste. Inicialmente alguns problemas de afinação na suspensão e na travagem retiravam confiança a um condutor inexperiente nestas lides como eu, mas com a ajuda do Mestre Zé as coisas ficaram mais fáceis.
Com um set-up aceitável para esta prova, mas sempre com a noção de que o óptimo está a algumas horas de testes de distância, mas no entanto sem problemas que nos impedissem de participar na prova de Sábado, optamos por participar no rali tendo como objectivos fazer um teste em ambiente de prova e se possível chegar ao fim.
Sábado o dia começou pelas nove da manhã e sentia-me bem, não muito nervoso e menos ansioso, já que grande parte da ansiedade que vinha a sentir nas ultimas semanas se devia ao facto de ainda não ter conduzido o Abarth. Esta calma aparente pareceu durar até à altura em que me sentei no carro para sairmos do parque da assistência, arrancar com o carro, tarefa a que me parecia ter habituado na sexta feira, voltou a ser complicado e a única justificação válida eram mesmo os nervos!!! O Nuno Rodrigues da Silva meio em tom de gozo, meio numa tentativa de quebrar o gelo disse à 3ª ou 4ª tentativa: "Então pá ? Vamos embora ??"
Enfim lá conseguimos sair do parque de assistência e durante a ligação as coisas pareciam ter acalmado um pouco, até porque depois de fazer partidas com 30 carros lado a lado e no final da recta andar tudo no encosto para ganhar apoio para a curva nada me poderia por nervoso.... achava eu!!
Durante a ligação fomos aquecendo os pneus e o Nuno lá me foi dizendo como deveria de encarar o primeiro troço. Parámos para verificar a pressão dos pneus, apertar os cintos, colocar a balaclava, capacete e luvas. Depois de tudo pronto arrancámos e quando chegámos ao troço soubemos do acidente do Saxo Kit Car do Jorge Santos e da Isabel Castro aos quais desejo melhoras rápidas... E assim pelos piores motivos tinha ficado adiada a minha estreia oficial em troços de ralis de Montim para Gontim...
Lá fizemos o percurso alternativo para a ligação até Gontim, juntamente com os rituais de aquecimento dos pneus, finalmente chegados ao inicio do troço foi tempo de respirar fundo e começar a ouvir... 5, 4, 3, 2, 1, Go!
Normalmente o nervosismo inicial costuma acabar ao final de 2 ou 3 curvas, mas naquela situação a sensação de desconforto manteve-se até final do troço, talvez a acusar a responsabilidade de levar ao meu lado o campeão nacional de ralis ou por ter feito poucos kms no carro e não me sentir ainda confiante o suficiente para andar como gosto!
Enfim curva após curva aproximava-mo-nos do final do troço e apesar do ritmo não ser de passeio, também não era de todo o ritmo a que gostaria de ter andado, alguns erros estúpidos de condução cuja única explicação que vejo foi a dos nervos... mas acima de tudo com humildade suficiente para perceber que era o primeiro e que o caminho se faz caminhando! Não correu bem nem mal antes pelo contrário, foi esta a ideia com que fiquei, mas acima de tudo, sei que posso fazer melhor e isso é um pensamento reconfortante.
No troço seguinte em Travassós a história repetiu-se, com algumas "atravessadelas" à mistura na parte do asfalto novo e só da parte da tarde é que consegui acalmar as ideias. Apesar de andar num ritmo mais moderado senti que as coisas aconteciam de forma mais natural e como o resultado era o que menos importava pus na cabeça que o importante era chegar ao final do rali sem fazer um restyling prematuro ao Abarth!
Com o passar do dia e com mais kms feitos no "Cinquecento" os índices de confiança iam aumentando e ia-me sentindo cada vez melhor ao volante, as notas do Nuno iam fazendo mais sentido e senti que apesar de não se notar nos cronos finalmente estava a evoluir.
À entrada para o parque de assistência liguei ao Team Manager a quem perguntei: "Então como correu ?? Ficámos em que lugar ??" (apesar de não ser importante, também não custava nada saber em que lugar tinha ficado) ao que ele respondeu: "Não sabes ?? Vem cá ter à assistência e já falamos!", fiquei a achar que a coisa tinha corrido pior da parte da tarde...
Passamos o controlo e a meio da descida para o parque de assistência fiquei sem acelerador... Pensei que ia ficar logo ali e que independentemente do resultado ser bom ou mau, o nosso ia ser nenhum! Acabamos por não ter conversa nenhuma mas lá me disseram no meio do filme de tentar resolver o problema que tínhamos ficado em 6º Lugar, fiquei supreendido e extremamente satisfeito com o resultado final, pois sempre pensei que tudo o que fosse acima do 20º para primeira prova seria um resultado perfeitamente aceitável.
Empurraram o 500 até a uma zona em que daria para levar o carro a descer caso o acelerador não funcionasse mas com a dica do Fontennay "desliga a bateria e volta a ligar" lá o problema se resolveu e fiquei com a sensação que em vez de ser um carro de corridas da Abarth o meu carro devia de levar o simbolo da Microsoft! Enfim problemas de juventude!
Lá conseguimos chegar ao final com o carro a andar normalmente e pronto para mais 100 kms de troços!
Este primeiro rali foi o concretizar de um sonho e o materializar de muitos meses de trabalho neste projecto.
Gostava de agradecer ao Nuno Rodrigues da Silva por ter aceite o meu convite e me poder ajudar nesta aventura, ao Zé Pedro Fontes porque desde Janeiro de 2010 que pegou em mim e me tem ajudado na minha evolução como piloto, ao Nuno Pires por ter construído este carro fantástico e a toda a equipa da Integra Support pelo facto de serem tão apaixonados por este projecto quanto eu, aos meus patrocinadores por terem dado o €mpurrão necessário para que o carro tivesse motor e acima de tudo à minha família que me tem apoiado de forma incondicional desde que comecei a correr.
Agora é só esperar que chegue Barcelos!
Fonte:
Pedro Matias - Blog