Começo este artigo por vos falar num carro improvável, tendo em conta do que estamos a falar: o Punto Abarth Scorpione, uma máquina que só o pronunciar do seu nome correctamente provoca arrepios aos mais Tiffosi! Era esta viatura que tinha sido indicada para ser o meu companheiro de fim-de-semana, contudo, tal encontro foi impossível de se concretizar... Assim sendo, e não minto, com um pouco de tristeza, acolhi a notícia de que iria experimentar um dos novos Panda 4x4 com o motor 1.3 multijet.
Mas digo-vos desde já que quando estacionei o Panda na IMV em Alfragide, e entreguei as chaves, fi-lo com um misto de tristeza e saudade: o pequeno Panda conquistou o meu respeito, e mais que isso, conquistou a minha admiração! Como? Continuem a ler, que contar-vos-ei nos próximos parágrafos!
Acto Primeiro, "Primeiro estranha-se..."Verde tropa metalizado, 4x4, altura ao solo generosa, com um interior agradável, quer em formas quer em cores, confortável, lotação para 5 pessoas sem que ninguém fique sentado ao colo do vizinho.
A unidade que experimentei contava com alguns extras, tais como faróis de nevoeiro, Blue&Me com comandos no volante, 5 lugares, e pintura metalizada. Mas é um Panda... e o que pode um panda trazer ou fazer de especial?
Acto Segundo, "...depois entranha-se."Os primeiros kms foram algo peculiares, não estou habituado a veículos altos, nem tão pouco a motores Diesel, mas foram precisos poucos kms para estar "em casa", a suspensão é firme, e embora o centro de gravidade seja naturalmente alto, o "pequeno" panda está perfeitamente á vontade a mudar de direcção rapidamente, o multijet está mais á vontade entre as 1500 e as 2000, mas roda alegremente até perto das 4000 se for necessário, contudo a partir das 3000 pouco de novo trás, além do aumento da velocidade e do ruído, é nitidamente uma electrónica feita para tirar partido das capacidades fora de estrada do Panda, e isso consegue-o exemplarmente! Mas, mesmo assim, mantém-se bastante eficaz no transito citadino: o Start&Stop(vulgo SS) está muito bem calibrado, bastando desengatar o carro, tirar o pé da embraiagem e manter o pé no travão para que seja detectada a necessidade de desligar o motor; o arranque é rápido, sendo que basta carregar a fundo na embraiagem para que pegue de imediato, não envergonhando ninguém no que toca a rapidez de arranque ao cair do verde, o SS intervém também naquelas aselhices em que o motor vai abaixo, ligando-o de imediato, evitando que o condutor mais inexperiente passe por uma vergonha.

Fazendo uma pequena incursão por Sintra, acostumei-me rapidamente ao pequeno Panda, na sua versão "civilizada", mas algo começava a insinuar-se na minha mente... Ora, se o carro é tão eficiente como citadino, como será fora de estrada? como nabo que sou no que toca a fora de estrada, achei por bem começar por algo "fácil", junto ao Guincho em terreno muito pouco acidentado. Comecei a pôr-me a par das capacidades desta pequena maravilha Turinense. Para espanto, foi a coisa mais simples do mundo: o botão maravilha, o ELD, torna tudo uma brincadeira, bloqueando a tracção em 50/50 e controlando a distribuição de binário, caso uma das rodas fique sem tracção. O resultado foi que cada pequena prova que lhe fiz resultou num sucesso, conseguindo seguir o trilho que pensei sem a menor dificuldade. Foi aqui que comecei a olhar para o Panda com outros olhos, daqui em frente foi um crescendo de dificuldade, dando por mim a andar em areia, terra batida, descer ribanceiras, passar valas, basicamente, se conseguimos ver um trajecto, o Panda consegue passar, brindando-nos com "patinhas" no ar diversas vezes, ora não fosse este o Panda mais brincalhão da Fiat!

Acto Terceiro, "O que é bom, sabe a pouco..."Em 4 dias fiz perto de 550 kms, sem grandes preocupações com o consumo, na hora de atestar, ainda sobravam 7 litros no depósito, tendo colocado 28 para atestar, contas feitas, um consumo ligeiramente acima dos 5 L/100Km, como já frisei, este 1.3 multijet não gosta de rotação, sentindo-se bastante bem a rodar em 5ª a 50 ou 60 kms, a velocidades estabilizadas de 80km/h o consumo instantâneo são uns parcos 3,5L/100, subindo para perto dos 7L/100 quando estamos acima dos limites.
É sem duvida uma boa aposta para quem procura um veículo polivalente, que mantém boas maneiras em estrada e que não envergonha ninguém fora dela. Afinal de contas, até um nabo como eu conseguiu andar por trilhos usados para diversão TT (Quinta-do-Conde) andar em areia (Lagoa de Albufeira), estradas de terra batida(Apostiça) sempre com um comportamento neutro, a transpirar diversão e boa disposição. É o tipo de carro que nos deixa de sorriso nos lábios, e é uma conquista pessoal cada pequena coisa que vamos "atirando" para o caminho do Panda. Foi aqui que o Panda conquistou a minha admiração, tiro o meu chapéu a este "Piccolo", que na minha modesta opinião, pouco fica a dever aos grandes!
Resta agora, numa próxima oportunidade, compará-lo com a outra proposta 4x4 da Fiat no mercado nacional, o Freemont 4WD.
Falta apenas referir que o Panda 4x4 multijet tem um preço de tabela base de 19500€, tendo a unidade com que rodei um preço de 20380€. Existe uma versão animada pelo Brilhante TwinAir que baixa um pouco estes valores e acrescenta potência e utilização em AE ao pequeno Panda!
Luís Duarte
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