Desde que me conheço que sou um profundo apaixonado por automóveis.
Sempre tive também uma especial predilecção pelas máquinas Italianas.
A adolescência não foi fácil porque demorou a passar até ter carta; pelo que de vez em quando lá cometia umas diabruras sem habilitação.
Desde por volta dos 12 anos até aos dias de hoje, fui sempre eu a indicar / escolher os carros para a família e amigos mais chegados.
Em 1983 apareceu o Uno, um modelo inovador e revolucionário, que introduziu muitas coisas que hoje todos os carros têm.
Tinha ainda um espaço muito bom, com a particularidade de pessoas a encostar aos 2 metros caberem lá; o que até ai era tarefa quase impossível em carros pequenos, sendo o 2CV uma boa excepção.
Aos menos atentos recordo que quando apareceu, o Uno teve um pouco o fenómeno a que hoje assistimos com o FIAT 500: carro da moda.
Muita gente comprou Unos por moda, por ser um objecto extremamente moderno na época. Foi em muitas casas 3º ou 4º carro!
Aconteceu um pouco como recentemente:
- “Já tens um Smart?”
- “Já tens um 500?”
Os Unos chegaram a ser montados em Portugal na SOMAVE; e a mecânica era a conhecida e valorosa 903 OHV dos FIAT’s 127.
Mas eis que em 1984 se comercializa a versão SUPER, muito equipada para a época com uma série de mimos que deixavam de boca aberta toda a gente.
O motor vinha do 128, ou melhor, já dos mais recentes Ritmos: o famoso 1116 SOHC “Lampredi”.
Coisa rara também era o facto de terem 5 velocidades.
Anos depois, em 1991, finalmente com carta fui procurar um carro.
Nesta altura o Uno já era o carro que mais se via nas ruas Portuguesas, destronando (andando para trás): Renault 5, FIAT 127, Mini, VW Carocha.
Porquê o 55 Super?Procurei carro usado, uma vez que continuo a pensar que todos devemos ter como 1º carro um usado, não velho, mas usado.
Isto porque tinha lá em casa um Uno Turbo, mas entendeu-se que não era indicado… mas mal, pois andava com ele na mesma ás escondidas com requintes de livro policial, e até dava bastante lume.
Queria pois um Uno, por gostar da marca e do modelo e uma vez que tenho 1,98 metros, era dos poucos carros pequenos (e baratos claro) onde cabia.
Estava completamente limitado a 700 contos, pois era uma promissória que tinha; não tinha, nem queria começar por um carro mais caro; até porque por 1200 contos comprava um carro novo.
Um 45 S FIRE não chegava a 1400 contos.
O que eu “queria” mesmo era um 45 S FIRE 1000, pois tinha o fantástico motor FIRE, o mais evoluído do mercado, resistente, económico e muito despachado (umas baixas de elite).
Era o campeão de consumos e isso era muito importante para um jovem estudante.
Os diesel ainda eram quase exclusivos de banheiras e muito lentos, para além desses diesel enormes gastarem bastante.
Mas os colegas devem lembra-se que em 1991 os usados valiam muito, e a verdade é que não consegui encontrar nenhum 45 S por esse preço.
O 45 S foi lançado em Dezembro de 1985; existindo portanto modelos de:
1985 - muito poucos
1986
1987
1988
1989
Mas o mais barato que apareceu foi um de 1987 Preto, mas a precisar de pequenos arranjos de chapa; tudo o resto eram 800 ou mais contos.
Existiam muitos 45 de 903cc e 4 velocidades dos anos:
1983
1984
1985
Estes já apareciam por 700 ou menos contos, mas era mais gastador e tinha apenas 4 velocidades, o que em 1991 já era um problema com as auto-estradas a aparecerem cada vez mais em Portugal.
Também me apareceu um Citröen Visa 10E, mas não gostava tanto, assim como dos Renault 5.
E como é 5 portas num carro pequeno, para mim não dão. Vivo com o ombro a bater no pilar B dos carros de 5 portas.
Peugeot 205, nada... os outros, como o Corsa, não cabia lá; para além de Corsas só haverem até 700 contos os 1000; nada de 1200.
Depois de já ter cerca de uma dezena de Unos 45 em vista, ia então comprar um deles até uma 6ª Feira; mas na 5ª Feira de manhã ao ler o jornal JN, apareceu lá um "Uno 55 Super" Branco por 750 contos.
Foi o único 55 Super que vi a vender.
Eram mais raros, pois só se venderam de Junho de 1984 a Novembro de 1985.
Fui lá ver o carro (estava num Stand Renault a 4 km de minha casa).
O senhor lá da Renault não queria baixar o preço dos 750 contos, dizendo que ia perder dinheiro; mas depois do Almoço fui ao banco levantar 140 notas de 5 contos e assim com as NOTAS batidas, lá fiz o negócio por 700 contos.
Foi um achado, pois foi o único 55 Super que encontrei.
Se é verdade que perdia bastante para o 45 S FIRE em consumos, quando comparado com o 45 903cc já na altura fiz um raciocínio lógico:
O que gasta a mais, compensa em estrada por ter 5ª velocidade.
E acho que pensei bem, pois eu lembro-me que em 1984 e 1985, quem comprava Unos optava pelo 45 para a cidade; e só quem andava mais em estrada é que escolhia o 55 Super de 5 velocidades; aliás as pessoas diziam que nem conseguiam meter a 5ª.
A verdade é que em 84 e 85, por exemplo na cidade do Porto, 5ª só na Av. da Boavista, Circunvalação e Ponte Arrábida até aos Carvalhos.
Mas em 1991, já a história era outra; aliás logo em Dezembro de 1985, os Unos vieram todos com 5 velocidades.
Depois, com o 55 Super em relação ao 45, ganhei:
Estética mais requintada
Faróis de Halogéneo
Piscas brancos
Abertura da mala pelo interior
Buzina de 2 tons
Ventilação mais potente
Isqueiro
Vidros atérmicos coloridos
Conta rotações (MUITO IMPORTANTE PARA MIM)
Chek-Panel com 6 diferentes informações
Cronómetro digital
Servo-Freio
Performances
Terei perdido:
Consumos em cidade
Facilidade e custos de manutenção, uma vez que o 903 é mais simples no geral, tem distribuição por corrente e não por correia, leva menos fluidos, usa pneus mais baratos, etc.
FIAT Uno 55 Super de 1984Características Técnicas:
Marca: FIAT
Modelo: Uno
Versão: 55s
Cor: Branco
Ano de Fabrico: 1984
Peso: 730 kg
Cilindrada: 1116 cc
Potência: 55 cv / 5600 rpm
Binário: 95 Nm / 2400 rpm
Velocidade: 155 km/h
Aceleração (0-100): 13,0 seg.
Potência Especifica: 50 cv/l
Rel. Peso/Potência: 13,27 kg/cv
Potência por tonelada: 75cv
Pneumáticos: 155/70-13 Michelin MXL
Equipamento de série inovador para a época:
5 velocidades
Abertura da mala pelo interior
Faróis de Halogéneo
Buzina de 2 tons
Vidros atérmicos coloridos
Encostos de cabeça reguláveis
Conta rotações
Chek-Panel com 6 diferentes informações
Cronómetro digital
História:Foi o meu 1º automóvel, comprei-o em 1991. Era um usado com 7 anos de 1984.
Tive este carro cerca de um ano, e ainda hoje tenho saudades dele.
Para além de todas as inovações automóveis do modelo Uno, esta versão 55s tinha um charme muito especial, pois possui-a algum equipamento inédito para a época, como a abertura da mala pelo interior, os vidros atérmicos coloridos, uns potentes faróis halogéneos ( de Iodo), uma instrumentação muito completa que incluí-a conta rotações e um Chek-Panel com 6 diferentes informações. Mas o melhor de tudo era um relógio de dígitos vermelhos com cronómetro, coisa que nunca vi em nenhum outro automóvel.
Em estrada era bastante valente, curvava bem para a sua categoria e a travagem com servo-freio era das melhores que podíamos encontrar no mercado.
A andar era um espectáculo, pois embora fosse um 1100 batia-se com os 1300 e 1400.
O grande problema residia no escalonamento da caixa, pois tinha a 1ª e 2ª fabulosas, mas fazia uma grande quebra para a 3ª. O arranque era fantástico até 80 (1ª e 2ª) onde batia muitos carros muito mais potentes; de qualquer modo conseguia bater-se em cidade e em estradas muito sinuosas com os corsa 1300 GT.
O arranque era de cerca de 7,0 seg. a 80 km/h , mas já de 13,0 seg. a 100, o tal problema de engrenar a 3ª. Mesmo assim 13 seg. era um arranque muito bom.
Quanto a velocidade máxima, a 4ª ás 7000 rpm marcava 180.
Depois, metendo a 5ª a descer o ponteiro chegou a andar mais um bom pedaço, e não conseguia esgotar!
Acabei por trocar o carro já na Universidade 1 ano menos 2 dias após o comprar, fazendo cerca de 37000km.