Construtores europeus contra novo acordo comercial U.E. – Japão
Os fabricantes dizem que o novo pacto irá facilitar a venda de automóveis japoneses na Europa, mas que essa vantagem não será recíprocaA ACEA, Associação dos Construtores Automóveis Europeus, informou publicamente que está contra o novo acordo comercial entre a União Europeia e o Japão, cuja assinatura está iminente. As marcas reclamam que esta alteração irá aumentar ainda mais o problema de sobrecapacidade de produção das suas fábricas, numa altura em que começavam finalmente a recuperar após seis anos de crise do setor na Europa. Em declarações à imprensa, algumas marcas já ameaçaram mesmo que podem vir a ter de despedir funcionários.
“
Com o estado ténue da economia europeia, estaremos todos em problemas com um acordo que, tal como está escrito, irá facilitar a vida ao Japão para alavancar o seu excesso de capacidade de produção, ao aumentar significativamente as vendas para a Europa, sem conceder igual oportunidade aos exportadores europeus. Tal cenário pode significar a perda de trabalhadores na pior altura possível”, indicou numa declaração a Ford Europe. Já em Março, em Genebra, o CEO da Fiat Sergio Marchionne disse também que “
se estamos agora a falar sobre um levantamento das taxas aduaneiras sobre o Japão, é melhor colocarem os capacetes”.
O novo acordo comercial entre a União Europeia e o Japão deverá seguir moldes similares ao feito pelo organismo presidido por Durão Barroso e as autoridades sul-coreanas em 2011. Nessa altura foi reduzido em 10% o valor das taxas de importação da Kia, Hyundai e dos Chevrolet produzidos naquele país, o que significou um aumento nas vendas totais de automóveis fabricados na Coreia do Sul de 294013 unidades em 2010 para um valor de 402062 viaturas em 2012. Durante esse mesmo período os restantes importadores sofreram uma quebra de 11% na procura, e de momento os automóveis sul-coreanos são os mais importados no continente europeu.
Agora a ACEA teme que um acordo similar com o Japão possa vir a ser assinado já no dia 23 de Maio, data para que está marcada uma decisão sobre esta matéria, caso os nipónicos aceitem algumas das exigências feitas pelos parceiros europeus. Para apoiar este acordo, a ACEA tem duas exigências:
1. Que o Japão adote os parâmetros ambientais e de segurança existentes na União Europeia, em vez de manter os seus próprios, com corte de tempos e custos para aprovações
2. Que seja abolido o tratamento fiscal preferencial existente para carros com motores menos potentes nesta nação asiática
Numa declaração, a Associação de Construtores Automóveis Europeus indicou que “
a eliminação de barreiras não aduaneiras é essencial para atingir o objetivo final de que um veículo fabricado e aprovado na Europa seja aceite no Japão sem necessidade de mais testes ou modificações”. Apesar desta posição de força da ACEA, tem sido noticiada uma divisão entre os seus membros, já que neles se incluem alguns representantes de marcas asiáticas, como a Toyota Europe e a Hyundai.
Fonte: Turbo, Nuno Fatela
