EStá aqui uma comparação do Autohoje que não diz mal de ninguém e está bem conseguida:
"Mais de uma década depois, eis que a Ford recupera o “legado Ka”, devolvendo o miúdo citadino à vida activa. A espera valeu a pena e a entrada em 2009 será feita com o pé direito. É que, para garantir um rol de virtudes exaustivo ao seu pequeno rebento, a Ford recorreu ao produtor que mais sabe sobre pequenos automóveis para devorar a cidade: a mítica Fiat.
O Ka é produzido pelos transalpinos e mais não é do que um “nuova cinquencento”, mas… com a expressão facial da Ford. Isto é, o Ka assenta quase na totalidade no, bem amado, Fiat 500 e da casa mãe Ford recebeu apenas os traços da linguagem estética “Kinetic” e pequenos reajustes na afinação das suspensões (com novas barras estabilizadoras). A direcção também parece um pouco mais precisa, e a função City da Fiat foi dispensada. Tirando estes ligeiros detalhes, o ADN é o mesmo.
O motor é o mesmo 1.3 Mjet de 75 cv, mas no Ka chama-se, claro, TDCI. No interior o desenho é diferente e os bancos também, mas um olhar mais atento consegue listar rapidamente uns quantos componentes idênticos. O painel LCD do com######dor de bordo e as hastes na coluna de direcção são iguais, os comandos do ar condicionado são muito semelhantes e… até o cheiro (curiosamente) é tipicamente “Fiat”.
Existe, no entanto, e logo à priori, uma divergência de peso: a política comercial. É que o 500, por tão desejado, é egocêntrico desde o primeiro dia, e isto oferece-lhe um preço que praticamente o afasta como rival do “primo” americano, por tão menos acessível que este. Mas… acaba por ser justo! Afinal de contas o facto de se ser um dos carros mais bonitos dos últimos anos… merece ser pago.
Fora da “família”, surge o Renault Twingo, também ele ressuscitado, há um ano. Tem o aclamado 1.5 dCi de 65 cv e apesar de menos carismático que o original, ainda tem um estilo próprio. Juntos, passaram, os três, um dia em convivência e admitiram as diferenças.
Estética e beleza à parte, entrámos no habitáculo. Na primeira dúvida, a habitabilidade, o Renault vence! É mais espaçoso em largura e atrás é o único capaz de não deixar dois adultos de estatura média em plena claustrofobia, até porque os dois bancos traseiros deslizam e permitem um espaço para pernas surpreendente. Ford e Fiat são praticamente idênticos ainda que o Ford seja ligeiramente mais largo e alto. Quase não se sente, mas é. O Twingo é também o mais versátil e ao generoso porta-luvas (fechado) adiciona bons espaços para arrumos.
Na capacidade de deslizar e reclinar os tais dois bancos traseiros, conquista mais um ponto. É que ainda que o seu compartimento para bagagem não seja muito amplo, deste modo permite oscilar entre 165 e 285 litros. Nesta última configuração é impossível alguém viajar atrás, mas se a lotação for apenas de dois, e a necessidade de espaço para bagagem for premente, tal é possível. Já no 500 a mala é simbólica e pouco “amiga”, sendo apenas capaz de levar as “pochetes” da (ou até do) quinhentista.
O porta-luvas italiano não tem tampa e os locais para arrumos são diminutos. O Ka atenua este “feitio” do Fiat e não só oferece uma mala um bocadinho maior (em virtude de um fisionomia diferente) como tem mais espaços para arrumos e um útil porta-luvas fechado que é enorme. No aprumo da decoração, Ford e Fiat convencem melhor. Todos contam apenas, como é normal, com plásticos rijos, mas no Ka e no 500 a contenção de custos é mais bem disfarçada.
Já a montagem soa muito semelhante e, a dizer, que ainda nenhum dos três emitia ruídos parasitas (ok… são novos). Na posição de condução o Twingo é o menos atraente. Também ajusta o banco e volante em altura, mas os ajustes são pouco práticos. Além disso o volante está algo “deitado”, face aos rivais.
Na lista de recheio, o 500 vence. Traz de série tejadilho panorâmico (nesta versão Lounge), sensores de estacionamento atrás, tomada USB e bluetooth com comandos por voz e, no caso da unidade ensaiada, ar condicionado automático (320 euros). O Ka também seduz nesta versão de lançamento chamada 1st Edition e o Twingo também não desilude, trazendo os mínimos exigíveis (jantes em liga leve, ar condicionado e rádio com MP3, entre outros).
Pela cidade, a fácil locomoção é atributo de todos. O 500 destaca-se, no entanto, por ter a leveza da direcção City (ímpar). Tem também a ajuda dos sensores de estacionamento atrás e a caixa mais suave dos três (apesar da do Ford ser supostamente a mesma). Aliás todos os comandos são muito fáceis de dosear. O Ka, tirando o auxilio do estacionamento (que não trazia), praticamente repete as premissas de agilidade, equipando também (como 500) o gentil apoio em colinas o “hill-holder”. O Twingo tem boa disponibilidade a baixo regime e uma direcção leve, mas não merece muitos mais elogios. O tacto do travão requer hábito, a embraiagem é menos suave, e perceptível que o desejado, e o comando da caixa é pouco preciso e lento, não sendo agradável de manusear.
No índice de conforto o 500 é o menos “amigo”. A unidade ensaiada contava com jantes de 16 polegadas e tal também não ajuda. O Ka é firme e até um pouco saltitante atrás, em virtude do ajuste da Ford, mas hoje face ao 500 ensaiado até se revelou ligeiramente mais benevolente, tal como o Renault, que é o mais complacente. Já a desenhar um trajecto em curva perfeito, o Ford e o Fiat seduzem, sendo que (talvez) a direcção do Ford até sugira ser mais directa. O Twingo também tem boa aderência e é seguro, agarrando-se bem às demandas, por outro lado a direcção é vaga e, no geral, tende a adornar um pouco. Ainda assim, não decepciona.
No que diz respeito ao alento, o mais despachado revelou-se o Ka. Apesar de trazer o mesmo motor que o “primo”, e de ser, até, mais pesado cerca de 75 kg, a realidade é que nas nossas aferições foi mais rápido a acelerar e a recuperar a velocidade. O 500 consegue ser um pouco mais ágil que o Twingo, mas o francês não fica muito para trás. No, determinante, apetite revelado, todos são bem comportados. É possível no dia-a-dia rodar de forma despachada, e fluida, pisando raramente os seis litros. Com cautela e acalmia, é possível andar sempre em redor dos cinco litros. O que é óptimo!
Na visita à oficina, o Renault é o mais carente e logo aos 20 mil quilómetros quer receber a atenção do mecânico. O Ka requer a mudança de óleo aos 20 mil quilómetros mas a revisão de fundo é aos 40 mil quilómetros. Ainda assim, se o proprietário quiser (aos 20 mil quilómetros) mudar o óleo em casa, não perde a garantia. O Fiat contem-se até aos 30 mil quilómetros."